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A formação de um “Universo semântico” por Aldo Barreto

A formação de um “Universo semântico”

por Aldo Barreto

Contextos

Se bem definidos norteiam todo o pensamento sobre o objeto a ser olhado. Orientam  o contar das historia e o seu núcleo temático.  Contexto – tudo que estando fora do nosso foco principal exerce influencia na sua formação e funcionamento

 

 

Ciência da informação

– Contexto –  segunda guerra 1945 em diante

-Vannevar bush –  trabalho com Roosevel

– 1945 –  As we may think Mendel e a as leis da genética

– 1946  Royal Empire Scientific conferente

– 1948 Royal Society  Scientific information conference

– 1950   IIS 350 cientistas de todo o mundo

– 1958  _ programa da City em ciência da informação

– Brasil  –  Lidya Sambaqui FGV, DASP, UNESCO, Getulio è 1954   IBBD – IBICT  1976

– Celia Zaher – Cursos 1956   Curso de Especialização

– Mestrado  1964

– doutorado 1986 linha pesquisa eco linguagem informação

– doutorado autônomo – 1992 responsáveis Professor Camarinha (eco) Aldo A Barreto (ibict)

Sociabilidade – Para que um  espaço de sociabilidade ganhe vida é necessário que as partes envolvidas estejam em processo de interação se tornem cúmplices ente si. A priori, esta cumplicidade é manifestada pela maneira maneira com que as pessoas se relacionam entre em um espaço de convivência.. Um forte indício da formação destes microgrupos sociais e a formação da convivência com redes de estimas cujos participantes tendo  afinidades entre si e que frequentam periodicamente o mesmo espaço de interatividade para atos e troca de informação.

Um sistema é um conjunto de elementos interagentes e interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objetivo e efetuam determinada função.Só existe como um todo e suas características não existem em cada parte isoladamente. Como um documento fechado que só existe naquele formato e pela soma das palavras que  ele contem.

 

Rede não tem interior ou exterior pautado por um formato. Pode ser finito ou de infinitas linkagens e em ambos os casos, considerando que cada um dos elos de sua formação pode ser ligado a qualquer outro, o seu próprio processo de conexão é um contínuo processo de correção das conexões. É sempre ilimitado pois a sua estrutura fica diferente da estrutura  que era um momento antes e cada vez se pode percorre-lo segundo linhas diferentes.  É o labirinto dos estoques digitais de informação, dos documentos abertos tipo hipertexto, onde os textos entrelaçados não respondem, apontam e o fazem sem uma definição estrita como um um percurso de passos delirantes, sem destino certo ou explicações fáceis. Como o documento rede o imaginário do leitor é livre para traçar suas idéias.

Pensamento selvagem: selvagem o que nasce e desenvolve de forma arrebatada e com a ferocidade da liberdade do não foi contido pelo controle das regras formais de um pensar estabelecido; um pensamento ainda não domado ou domesticado por ideologias estabelecidas

Estrutura de informação: formato  e qualidade dos códigos que configuram a informação em uma base que lhe serve de suporte com elementos, que adquirem sentido apenas enquanto fazendo parte de um conjunto simbolicamente significante

A tecnologia da informação o um conjunto de todas as recursos tecnológicos, atividades e soluções dedicados à geração, aos eventos relacionados a estocagem, recuperação e distribuição da informação para uso, bem como o modo de como esses recursos estão organizados em uma  condição capaz de executar este conjunto de tarefas.

Lexias (de Barthes)  indicadas como os locais do texto em que o conteúdo das palavras entra em terremotos de significação; também apontadas como fragmentos do texto que caracterizam uma unidade de leitura, um corte completamente arbitrário sem qualquer responsabilidade metodológica. A lexia é o envelope de um volume semântico, a voz do texto tutor, a linha saliente de um texto plural. O texto tutor seja ele o primeiro ou um dos seus muitos elos será sempre quebrado, interrompido em total desrespeito por suas divisões naturais; “o trabalho do “texto superposto”, do momento que se subtrai toda a ideologia de totalidade consiste precisamente em maltratar o texto, em cortar-lhe a palavra”

Enunciados, parte de um discurso associado ao contexto em que é lançado. Uma estrutura simbolicamente significante que adia o significado uma escrita conversacional potencial em realização.

Tensão cognitiva,  representa o estresse provocado pelo exame  de uma grande quantidade de informação e o tempo necessário para sua avaliação e potencial interiorização.  Quando a informação  é apresentada de maneira visualmente destinada a percepção na estrutura gráfica que permite a visualização amigável o esforço cognitivo é diminuído para o receptor, no processo de julgamento e decodificação. Uma tranquilidade cognitiva permite o receptor lidar com o viés relevante da informação, pois a sensação da percepção pode transmitida visualmente.

Assimilação da informação,  misto de sensibilidade e percepção é apropriação,  na assimilação o receptor aceita a informação como tal , e  esta atua para alterar o seu estoque de saber por acréscimo, por modificação ou sedimentação de saber já  estocado.

Estoques de informação,  conjunto de itens de informação agregados segundo critérios de interesse de uma comunidade informacional.

Estrutura da informação],: forma de organização de elementos, onde estes adquirem  sentido apenas enquanto fazendo parte de um conjunto com sentido de ordenação lógica e racionalidade. Base de uma inscrição de informação.

Conhecimento : é organizado em estruturas mentais por meio das quais o sujeito assimila o meio (informação). Conhecer é um ato de interpretação, uma assimilação do objeto (informação) pelas estruturas mentais do sujeito. Estruturas mentais não são pré-formadas no sentido de serem programadas nos genes. As estruturas mentais são construídas pelo sujeito sensível, que percebe o meio. A geração de conhecimento é uma reconstrução das estruturas mentais do indivíduo através de sua competência cognitiva, ou seja, uma modificação em seu estoque mental de saber acumulado, resultante de uma interação com uma informação.

O lugar do conhecimento, quando falamos dos estoques de informação poderíamos dizer que, este é um dos artefatos com que operam o processo de informação/conhecimento: a posse e a distribuição dos estoques de informação. Estes estoques estáticos de informação não geram conhecimento. Existem como possibilidade, como potência da condição de gerar conhecimento. Para que o conhecimento opere é necessário uma transferência desta informação para a realidade dos receptores e uma conjuntura favorável de apropriação desta informação pelo individuo. Na solidão da assimilação o receptor é uno e a apropriação da informação é dele, de mais ninguém.    A assimilação da informação é a finalização de um processo de aceitação da informação que transcende sua comunicação e o seu uso, um ato de apropriação. O conhecimento é uma passagem, um fluxo de percepções  que são apropriados pela consciência do receptor. É um caminho pessoal e diferenciado para cada individuo.

Cognição –  conjunto dos processos mentais subjetivos e individualozados atuando  quando da  aquisição de  conhecimento a partir de um estimo perceptivo;  relaciona-se  às características funcionais e estruturais da representação de um saber, um objeto, um procedimento, um fato ou uma ideias. A cognição finalizando em um um  ato de conhecimento, representa as atividades relacionadas  como  atenção, julgamento do valor, percepção, pensamento e memória. Um enfoque cognitivista considera a  mente humana  como um sistema de estruturado de informação, um estoque de informação organizado. A entrada de nova informação é analisada pela mente do receptor, quando significados são evocados e comparados na memória, e se processa a confirmação de um conhecimento já existente, a modificação de um  conhecimento já  existente ou a aceitação da informação como novo conhecimento. Em qualquer caso cumpre-se uma cerimônia da informação operando intencionalmente sobre a privacidade fundamental do receptor podendo ou não gerar o conhecimento. (Guilford,J.P. , Three Faces of Intellect: cognition, information processing, Americam Psychologist, v. 14 , n. 8, 1959.)

Ciência da informação – A ciência da informação se preocupa e se ocupa com os princípios teóricos e as práticas da criação, organização e distribuição da informação. Estuda a sua distribuição, quando feita através de uma variedade de estruturas e por meio de um grande número de fluxos.  Sua evolução se inicia na sua criação e vai até a sua utilização. A ciência da Informação mostra a sua essência quando uma linguagem no pensamento de um emissor atinge uma linguagem de inscrição que é pública e está formatada em uma estrutura  passível de apropriação por receptores tendo com destino final gerar conhecimento ao indivíduo ou em seu grupo. O propósito  da ciência da informação é o de conhecer e fazer acontecer o sutil fenômeno de percepção da informação pela consciência, interiorização que direciona ao conhecimento do objeto percebido. A Essência do fenômeno da informação é esta sua  intencionalidade final.

Transferência da informação – Os processos de transferência que realizam a intencionalidade do fenômeno, não almejam somente uma passagem. Ao atingir o público a que se destina devem promover uma alteração em seu estado de saber acumulado; aqueles que recebem e podem elaborar a informação estão expostos a um processo de desenvolvimento, que permite ir a um estágio qualitativamente superior, nas diferentes gradações da sua condição humana.

Na área de comunicação social o gerador é na maioria das vezes uma instituição ou um grupo e o receptor é um grande aglomerado de gente, uma  “massa”, o público, um todo que se quer homogêneo, não diferenciado: uma inteligência dita coletiva.  Existe na comunicação uma relação de impessoalidade entre os atores do início e do fim da cadeia de eventos. A mensagem é uma decorrência do canal e quando colocada em uma ponta fatalmente vai sair na outra para ser assimilada ou não pelo receptor isso não importa na racionalidade dos meios.

Conhecimento Tácito: a existência  de uma estrutura de informação, seja ela oral, textual, sonora ou imagética ou digital e a sua apropriação pelo receptor precedem o conhecimento subjetivo; isto é uma conclusão lógica do estado da arte da CI e da cognição; assim é uma conclusão lógica que o  conhecimento dito tácito  inexiste fora da crença.  Tal  conhecimento é dito existir inato no indivíduo. É algo que prescinde e precede uma estrutura de informação e uma apropriação pelo receptor, pois se acredita congênito e  não se exprime explicitamente  por palavras nem pode  ser evidenciado ou manifestado em um formato. E’ algo  que de algum modo se deduz,  pois  esta’ no mundo do secreto e das crenças ocultas.  Um conhecimento tácito só pode ser criado se formatado, fora da crença;  se o indivíduo que o possui puder inscrevê-lo primeiro em  uma estrutura de informação de qualquer tipo com qualquer código, para então, possibilitar sua  transferência e apropriação por outros seres humanos que compartilham o mesmo universo semântico.

Jogo da informação  Neste jogo  ha’ uma troca de enunciados em um constante dialogo e com regras claramente estabelecidas. Este jogo se processa entre o enunciador que quer informar e o outro sujeito que quer  ser informado. Este jogo pode assumir  uma característica oral de um diálogo entre os dois com constante troca de enunciados ou  pode acontecer quando o enunciador se ausenta e se faz representar por uma escrita. Outras regras, então, surgem no jogo: há que haver um código comum, há que haver uma condição psicológica para  os jogadores estabeleçam contato e o manter este contato, etc.. Dai o jogo segue da mesma forma o emissor jogou os enunciados em uma ou mais escritas e o jogador receptor troca  enunciados com a coisa escrita, com a finalidade de se apropriar de um ou todos os enunciados do emissor. O jogo pode se estabelecer entre 2 pessoas ou entre muitas pessoas em uma rede de informação.

Pesquisa – Entendemos ainda que uma pesquisa é um processo orientado para expandir as fronteiras do conhecimento; representa uma investigação ordenada e original que é coerente com uma linha de pensamento conceitual e teórica; segue em sua intenção de mostrar evidências um método racional de ação e  experimentação e tem  sempre a intenção de descobrir novas informações ou desenvolver novos processos de transformação para produtos e serviços É o primeiro momento de um processo dialético, onde se expõe uma nova proposição. É uma afirmação teórica, com possíveis aplicações práticas ou conceituais sobre particularidades do objeto de estudo, que não existia antes da pesquisa e que necessita ser evidenciada. É uma preocupação que existe desde muito tempo e sempre recorrente na mente do estudioso que, deve ser estar na sua produção bibliográfica e suas participações em reuniões de pesquisa.

Ao se tratar e de um estudo para mapear e levantar dados para a elaboração de um compêndio destinado listar palavras para aplicações de organização de estoques de informação é somente um estudo sem visar esclarecer qualquer dúvida. Estes instrumentais em si já são efetuados, com a mesma metodologia e racionalidade há quarenta anos dentro da área de ciência da informação.

Não existe, assim no projeto, em seus objetivos ou metas a alcançar,  um conhecimento novo a ser gerado pela coisa  a ser pesquisada. Não existe uma elaboração ou reflexão que  possibilite a geração de um saber novo que se adicione ao campo do conhecimento. O projeto não se define como uma  pesquisa, como sendo um processo de construção do conhecimento que tem como suas metas principais gerar novos saberes e/ou corroborar ou refutar algum conhecimento pré-existente.

Uma pesquisa representa um conjunto de elaborações racionais configuradas em uma sucessão de eventos ordenado e que objetivam solucionar uma dúvida, não solucionada antes. Podemos, assim,  diferenciar um estudo de uma pesquisa: o estudo não objetiva, necessariamente, a solução de qualquer problema; é uma atividade sem a busca de reflexão para respostas novas  e que ao serem criadas ampliem um conhecimento existente. Este é o caráter do presente projeto: um estudo de mapeamento e uma coleta organizada de dados,  para atender a uma finalidade de ação prática, mas que  não se justifica como uma pesquisa científica ou tecnológica

Relevante : tudo aquilo que possui a condição de utilidade, que é a qualidade das coisas materiais e imateriais em satisfazer nossas necessidades. Valor de uso.

Prioridade : qualidade do que está ou deve vir em primeiro lugar em determinada circunstância; o que antecede aos outros em tempo, lugar, serie ou classe quando da prática de alguma coisa. Valor circunstancial de uso.

esfera privada Entretanto, o que para o lingüista e para o comunicador pode parecer tecnicamente explicável, este ritual de passagem de uma estrutura de informação do gerador ao receptor é em termos existenciais  um acontecimento admirável, pois se relaciona à solidão fundamental[i] do ser humano. Por solidão fundamental não se quer expressar o estar solitário nos espaços de convivência, mas a condição do sujeito em relação a sua privacidade, dentro de sua esfera privada, uma condição humana  essencial:  uma  experiência que é vivenciada no âmago da mais interior privacidade do sujeito pensante. A experiência vivenciada por mim é só minha e de mais ninguém, enquanto em minha esfera privada..

O viver da minha vida pensante se projeta na minha mais recôndita privacidade. Esta é a solidão fundamental de todos aqueles que criam conteúdos simbólicos. Esta produção, que se realiza com a ajuda de um sistema de códigos, procura relatar a consciência vivenciada do sujeito privado para outras pessoas, transferir a experiência experimentada da esfera privada da criação individual para a esfera pública da significação coletiva.

Todo ato de geração de conteúdo simbólico é  um ritual de solidão fundamental que se realiza na esfera privada.

A esfera pública é um conceito e lugar que  transcende um espaço geográfico, vai além das praças, cafés, reuniões,  congressos ou narrativas disponibilizadas para conhecimento em qualquer formato .

A esfera pública  se configura  como qualquer ambiente real ou virtual onde o pensamento, a criação, a narrativa de  fatos  gerados pelo individuo privado se coloca disponível aos demais

Habitantes daquele  contexto. Está destinado ao povo, à coletividade para ser notório e se realizar em presença de testemunhas.

A cibercultura e a modificação da escrita em formato digital com seus estoques eletrônicos em rede modificou a conformação da esfera pública, levando seus limites a fronteiras antes impensáveis. Contudo, esta nova conformação da esfera pública,  quase sem limites não atinge a integridade da esfera privada do individuo, que permanece conceitualmente intocada pelas tecnologias intensas de informação e comunicação.

Hipóteses de trabalho: Entendemos, aqui, estas hipóteses como suposições que orientam a investigação por antecipar características intuitivamente prováveis do objeto investigado. Elas valem, então, como princípios de apoio para colocação de suposições que se admitem de modo provisório e  pelo qual podemos deduzir um conjunto  de proposições que procuraremos evidenciar com a pesquisa proposta.

Efeito Bush-Mendel – Desde 1945 Vannevar Bush tinha grande temor ao excesso de  informação causado pelo seu  volume  liberado no pós-guerra; escreveu sobre isso no periódico “Atlantic Mounthy”, em um artigo denominado “As we may think” e  exemplificava esta falta de gestão e controle com o caso das Leis da Genética de Gregor Mendel (1822-1884)  que ficaram perdidas por uma geração devido a  esta abundância de documentos sem controle

Texto linear: Como será a interiorização subjetiva destes conteúdos digitais  em comparação com a assimilação  pela escrita linear que percorre o significado  seguindo um destino de  uma linha reta; sem desvios,  direto ao um final estruturalmente requerido.

PROPRIEDADE  DO CONHECIMENTO A interação em tempo real dos arquivos em fluxo da Internet  tem questionado o caráter alfabético e linear do documento texto. O computador permite uma liberdade  de lidar com o texto livre das amarras da composição e da interpretação na estrutura linear do texto finito. O código lingüístico comum permanece como base das estruturas de informação, como um elemento sistemático e compulsório dentro de uma comunidade lingüística  ou de informação. Mas as narrativas são contingentes dai  sua existência ser uma geração que se processa  em  dimensão de aceitação do usuário.

Hoje com a Internet e seus estoques eletrônicos em fluxo temos que reconhecer a existência de dois tipos de artefatos de informação em sua relação ao tempo e ao espaço de sua criação e autoria:

Artefatos de informação fechados

São objetos de informação  que se encontram  explicitamente formatados e finalizados, por razões das características de sua estrutura ou  por uma necessidade de integridade de seu formato.  Seu conteúdo  não pode e nem deve ser alterado após sua finalização. O  seu valor de uso e  a sua relevância,  podem ser explicitados para cada usuário; a  utilidade da informação para o receptor pode ser elaborada. São exemplos deste  tipo de objetos:  livros, CDs, DVDs, artigos de periódicos impressos, imagens acabadas, documentos históricos , legais ou contratuais, etc ..

Não é a forma que determina a sua completeza, mas a impossibilidade de interatuação com o documento após sua finalização.

Artefatos informação abertos

São objetos de informação que estão: ou em se fazendo ou que, apesar de acabados, podem ter seu conteúdo modificado continuamente  o que é permitido devido a um sucessivo diálogo do gerador consigo mesmo ou pela participação permitida e espontânea dos seus vários usuários-geradores. Aqui o documento de informação se encontra por motivos da  interatuação em continua formação.

O valor de uso é  circunstancial , pois a utilidade da informação para o receptor está referenciada a um determinado momento do tempo.  A relevância  varia em relação as circunstâncias em que se encontra a qualidade da geração ou da recepção da informação em um determinado momento. Exemplos deste tipo de objeto seriam os artigos de  periódicos online e  interativos, textos de listas de discussão, os documentos em hipertexto abertos, etc.

Para a informação ou seu estoque  em fluxo não basta,  existir uma transmissão de informação, é preciso  existir um dialogo interativo entre geradores e receptores com afinidade nos objetivos e na qualidade do objeto em construção.

Este novo aspecto da informação traz certamente problemas para a determinação dos direitos de propriedade que  está em  nossa legislação como* :

” … são obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte ”

A propriedade intelectual de uma informação que se encontra  em se fazendo e em um suporte digital, com interatividade na sua construção e  diversos geradores interatuando,  dependerá de se estabelecer através de um código de convivência e trocas uma condição de utilidade circunstancial para o usuário; seria, então, atribuída  à informação um valor circunstancial de uso, de acordo com seu estado ou condição em determinado momento. Restará determinar no final de quem é a propriedade da coisa toda.

   As novas tecnologias da informação e da comunicação – quando significando o conjunto de tecnologias relacionadas a Internet, a web, a base digital única, o teleprocessamento e microeletrônica. É uma lenda; uma expressão envelhecida e errada, pois as tais novas tecnologias tem quase 20 anos e são uma já velha tecnologia. A própria interface web vai para sua terceira versão. O que.contudo, não impede que outras novas tecnologias da informação surjam a cada seis meses.

Conhecimento Tácito: é um mito. A existência  de uma de base de informação, seja ela oral, textual, digital,  sonora ou imagética e a sua apropriação por um receptor precedem o conhecimento subjetivo; isto é uma conclusão coerente do estado da arte da ciência da informação; acredita-se que o  conhecimento  tácito existe inato no indivíduo. É algo que prescinde e precede uma estrutura de informação e uma apropriação pelo receptor, pois se acredita congênito e  não se exprime explicitamente  por palavras nem pode  ser evidenciado ou manifestado em um formato inscrito.

E’ algo  que de algum modo se deduz,  pois  esta’ no mundo do secreto e das crenças. O conhecimento  tácito  inexiste fora da crença. Um conhecimento só pode ser criado se formatado, fora da crença  e se o indivíduo que o possui tenha condições de inscrevê-lo primeiro em  uma estrutura de informação de qualquer tipo com qualquer código, para então, possibilitar sua  transferência e apropriação por outros seres humanos que compartilham o mesmo universo semântico.

” Gestão do conhecimento – Mito. Conceitos como os de “gestão do conhecimento”, “base de dados de conhecimento” são um modismo  aceitável na simplicidade do pensamento das notas leves da mídia, mais inaceitável na academia,  principalmente no campo que teoriza sobre este assunto, pois entendemos tratar-se  de uma falha conceitual e uma impossibilidade teórica. O conhecimento acontece unicamente na consciência do receptor;  é subjetivo e único para cada pessoa.

Para que o conhecimento opere é necessária uma transferência da informação para a realidade dos receptores. Nesse momento nada é menos homogêneo que a informação, pois nada é mais subjetivo, particular, privado e individual que, a assimilação de uma informação pelo receptor. Na solidão da assimilação o receptor é uno e a apropriação da informação é dele, de mais ninguém. É este o lugar do conhecimento.

”        Adicionar valor a informação –  Lenda. Pelas  características de individualidade e subjetividade  da informação recebida só quem pode adicionar valor a uma peça de informação é o receptor. Os gerentes dos estoques podem adicionar custo a informação para torná-la mais adequada e acessível aos receptores.  O mercado de informação, se existe,  é atormentado pela relação preço – valor.

“Mercadoria” informação possui diferente valor para diferentes consumidores. Configurar um preço de equilíbrio é quase impossível, pois o preço pode estar muito abaixo ou muito acima do valor que, diferentes usuários lhe atribuem.  Por razõão semelhante a informação também, não é um insumo ou um fator de produção; por definição todo fator de produção perde suas características, desaparece, no processo de produção  para surgir o novo produto. Isto é claro não acontece com a informação. As meadas de algodão, por exemplo, desaparecem na fabricação do casaco.  O que não quer dizer, porém, que não existe informação agregada ao processo de transformação, no nosso exemplo desde a plantação até a colheita e processamento do algodão.

”   A comunicação da Informação –  Lenda. Na comunicação da informação o gerador é na maioria das vezes uma instituição ou um grupo e o receptor é um grande aglomerado de gente, uma  “massa”, o público, um todo que se quer homogêneo, não diferenciado.  Existe uma relação de impessoalidade entre os atores do início e do fim da cadeia de eventos.

A mensagem de comunicação é uma decorrência do canal que a comunica e quando colocada em uma ponta fatalmente vai sair na outra para ser assimilada ou não.  A comunicação trata com a notícia, o recado verbal ou escrito, do fato ou idéia provocador por uma  ruptura na aflição do passar o tempo. A mensagem deve ser transmitida, rapidamente, depois do acontecido, na quebra do cotidiano.

A ciência da Informação caracteriza o seu gerador, nomeia seu autor;  estuda as necessidades do receptor e faz seu perfil,  este usuário  pode ser somente um indivíduo ou um grupo com afetividade orgânica de interesses informacionais. A ciência da informação estuda o canal mais adequado, para melhor entregar  a informação com base na natureza da sua narrativa.

A ciência da informação distribui, dissemina, transfere  uma informação heterogênea para usuários heterogêneos.

”  Inteligência competitiva – Mito por conceitos em má companhia. Conceitos como inteligência,  conhecimento, percepção, competição, se juntam a outrs inventados para ficar em má companhia ou  para atender a interesse da moda ou do marketing de atração e da novidade. No mundo do espetáculo podem ser combinações, sem maldade,  para renomear o antigo e  torná-lo mais atrativo.

Se informação quer fazer o homem mais livre e iluminado para uma convivência adequada;  se a inteligência indica acordo, harmonia, entendimento recíproco na articulação de significados;  e se a competição envolve uma busca simultânea, de dois ou mais indivíduos, por uma maior e melhor vantagem individual, então  a reunião dos três conceitos estabelece briga ideológica.

”  Inteligência coletiva – Mito. Com a Internet foi prestigiada a ideia de que, na busca do conhecimento, o pensamento e o espaço coletivo predominam  sobre a individualidade da inteligência. O espaço do conhecimento público agrega inteligências individuais, privadas. Estes espaços, ou redes,  unem fragmentos que podem se alinhavar em um mosaico para se intuir um significado novo e criativo. Mas não pode ser homogeneizado.

Não se deve confundir a informação que circula  neste estado coletivo com uma massa homogênea e uniforme fruto da reunião de muitas inteligências em consciências individuais. O escritor Pierre Lévy que cunhou o termo Inteligência Coletiva escreve logo no início do seu livro do mesmo nome: ” Como deve ter ficado claro a  inteligência coletiva não é um objeto cognitivo. A inteligência deve ser aqui entendida  como a expressão trabalhar em perfeito acordo ou no sentido que tem quando se fala em entendimento com o inimigo.”

‘’  Epistemologia da  área de informação – Uma lenda. A epistemologia, também chamada teoria do conhecimento, é o ramo da filosofia interessado na investigação da natureza, fontes e validade do conhecimento de uma área. A informação e’ presa de suas técnicas mutáveis a cada seis meses. A validade , a fonte e o próprio conhecimento da área se modificam continuamente ao sabor da tecnologia, É difícil falar em um corpo de conhecimentos  coerentemente , solidificados e permanente na área de informação. Seria mais adequado tratar-se de sua historiografia.

As colocações que colocamos acima existem no entendimento deste autor e não significa que sejam aceitas ou compartilhadas na área de informação.

Datatagranazero – Gramme – Uma escritura é denunciada pelo “grammé”, que é o traço de uma escrita com

intenção em se aproximar da oralidade pelas suas condições de apresentar

na mesma base uma possibilidade de explanação visual, gestual, figural,

musical, verbal. A escritura quando hipertextual é de alguma forma,

externa à linguagem, pois agrega outros sentidos ao entendimento e não se

prende unicamente ao código como na visão linear do texto de enunciação

continua e estática, destinada pelo seu formato a um fim espacial.

O traço de uma escrita ou o grammé, como o chama Derrida,vem do grego

gramma, letra, escritura, não é uma substância presente aqui e agora (não

se pode ver, sentir ou ouvir diferença): o traço da escrita é a diferença,

isto é, diferença espacial e diferença temporal (uma adiamento do

significado

Em Informática DATAGRAMA é uma entidade de dados, auto-contida, que possui

suficiente informação para ser conduzida do computador de origem ao

destino.

DATAGRAMAS  são unidades de

dados que se recebe quando você faz o download de um arquivo. O primeiro

destes blocos de de dados vem com informações sobre os blocos subsequentes

, sua estuturação,tamanho, origem, etc.  e se chama DATAGRAMERO.

ESTOQUES  Falamos de estoques de informação como o conjunto estático de itens de informação que estão agregados segundo critérios de interesse de uma comunidade de receptores potenciais. São dados em uma memória  hospedada seja está em dispositivo convencional ou em um sistema digital; estes dados são inseridos no estoque com a intenção de uma posterior recuperação, distribuição e  utilização. Falamos de fluxos de informação quando nos referimos ao seguimento, sequência, sucessão, de eventos, dinamicamente produzidos, para engendrar um encadeamento  dos acontecimentos direcionados a um fim específico. (Aldo de A Barreto)

Acervo é o conteúdo de uma coleção de documentos privada ou pública, podendo ser de caráter bibliográfico, artístico, fotográfico, científico, histórico, documental, misto ou qualquer outro. Tanto os acervos públicos como os privados podem estar ainda desorganizados, ou já institucionalizados e sistematizados em museus ou sob outras formas de organização. (wikipedia)

Uma área interdisciplinar, não pode simplesmente transpor teorias e conceitos emprestados de outro campo ou área de conhecimento para área de, por exemplo, de ciência da informação.

Este transporte de ideias, métodos, do pensar em si tem que respeitar as características existentes e manifestas da área de ciência da informação, do objeto informação em si, com toda as suas condições, características e singularidades.

Há que respeitar, também, os estatutos acadêmicos e reconhecer clara e explicitamente á area de onde os conhecimentos foram originados criando um desejável respeito mútuo.  Se utilizo a teoria dos fractais no processo de recuperação da informação, não posso nomear a dita teoria como uma área da ciência da informação porque meu projeto deu certo. O empréstimo não denota uma propriedade do conhecimento por apropriação dúbia. A interdisciplina – observância partilhada de preceitos e normas acadêmicas e legais – não se constrói na indisciplina, que  é o caminho rápido da desordem.

Assim, toda uma argumentação deve ser construída para, mostrar as qualidades e a viabilidade desta transferência de conhecimento que, precisa estar clara e convincente.  Deve estar ,ainda,  detalhadamente  explicito e explicado como este pensar estrangeiro  se insere  ao mundo da ciência da informação, assim como o campo e a área da origem, da propriedade pelo deste conhecimento.

Nunca confunda conhecimento e saber

O propósito da ciência da informação é o de conhecer e fazer acontecer o sutil fenômeno de percepção da informação pela consciência; percepção que, conduz ao conhecimento do objeto percebido. Nunca confunda conhecimento e saber. O conhecimento é um fluxo que vai se formando no percorrer das trilhas de sua vida. O saber, estoque do conhecimento adquirido, define a sua natureza humana. Assim, nos momentos de passagem o fenômeno da informação tem sua particularidade mais bela, pois transcende ali a solidão fundamental do ser humano quando um pensamento se faz informação inscrita e esta informação se quer conhecimento. Esta é a característica mais bela contida no fluxo de informação por isso rara e extraordinária.

coisas que acredito em informação e conhecimento

Acredito que a informação é abundante, e não se esgota com o consumo; e que esta abundância é provocada pela desordem nos acervos. Penso que informações se institucionalizam em estoques e que estes são estático, por si só não geram conhecimento; este conhecimento se produz a partir dos fluxos de comunicação que se utilizam destes estoques. O conhecimento é um processo sempre dinâmico e se realiza fora dos estoques em lugar onde os receptores de informação habitam.

Acredito que a informação tem muitas maneiras de ser nomeada; Eu a nomeei como: “estruturas significantes com a competência de gerar conhecimento”; aquilo que, num contexto cultural específico, possui valor denotativo, evocativo, mágico e místico.

Acredito que o objeto de estudo da ciência da informação é um constante construir de princípios e práticas relacionados com: a criação da informação como ação humana de dar existência ao que não existia antes e depois o tratamento desta informação produzida para sua organização e sua distribuição. É do seu objeto o estudo dos diversos fluxos de transferência; nesse continuum a ciência da informação pode utilizar diferentes linguagens, uma variedade de formas, e seguir através de uma quantidade de canais.

Postagem  de construção teórica:  Pequeno glossário pessoal sobre tópicos de ciência da informação
http://abarretolexias.blogspot.com.br/2013/07/pequeno-glossario-individual-sobre.html

Com a tabela procuramos indicar alguns pontos focais para ilustrar as
modificações na estrutura da comunicação do conhecimento entre as diferentes
fases que determinaram o seu contexto.

 

Capturar

as palavras e os mitos

as palavras e os mitos

palavras1

“Escrever é retirar-se. Não para a sua própria tenda para escrever, mas para a sua própria escritura. Cair longe da linguagem, emancipa-la ou desampará-la, deixa-la caminhar sozinha e desmunida. Abandonar a palavra. Deixa-la falar sozinha o que ela só pode fazer escrevendo. Abandonar a escritura é só lá estar para lhe dar passagem, para ser elemento diáfano de sua procissão: tudo e nada. Em relação a obra o escritor é ao mesmo tempo tudo é nada.” (Derrida)

Assim, também, as Lexias de Barthes são  apontadas como fragmentos do texto que caracterizam uma unidade de leitura, um corte completamente arbitrário sem qualquer responsabilidade metodológica.

O nascer dos elos de uma escrita hipertextual. A lexia é o envelope de um volume semântico, a voz do texto tutor, a linha saliente de um texto plural. O texto tutor, seja ele o primeiro ou um dos seus muitos elos,  será sempre quebrado, interrompido em total desrespeito por suas divisões naturais.

“O trabalho do texto superposto, do momento que se subtrai toda a ideologia de totalidade consiste precisamente em maltratar o texto, em cortar-lhe a palavra.” (Barthes)

Tanto o cientista como o artesão da bricolagem hipertextual estão a espreita de mensagens que, para o “bricoleur” são mensagens existentes e pré-transmitidas e colecionadas como códigos que permitem enfrentar situações novas; o homem de ciência antecipa sempre uma “outra” mensagem  que se espera nova e arrancada, com técnica, de interlocutores e sua ambiência.

O mais interessante no pensamento (selvagem) dos mitemas de Lèvi-Strauss  é o abandono de toda a referência a  um centro, um sujeito, um contexto específico ou uma origem absoluta. O discurso das estruturas acêntricas dos mitos não tem um sujeito ou centro absoluto.

O mito de referência (o texto tutor) não deriva unicamente de uma posição central, mas de sua posição irregular no interior do emaranhado de fragmentos que se interconectam: ” o mito e a obra musical aparecem como maestros cujo plateia são os silenciosos executantes. A música e a mitologia confrontam o homem com objetos virtuais cuja  somente sombra  é atual….”

Um conjunto de mitos pertence a sua ordem do discurso. Uma estrutura de mitemas corresponde a um conjunto informação acêntrica que forma virtualmente uma rede em um hipertexto onde a crua informação neles entrelaçada transforma-se quando reunida e cozida em conhecimento.

Aldo Barreto

 

Em algum lugar do passado

Em algum lugar do passado

Em 1968 terminei o curso de economia na, então, Faculdade de Economia da Universidade do Brasil no Rio de Janeiro. Rápido descobri que havia cerca de sete cursos de economia  no Rio formando cerca de 300 economistas por ano e a necessidade do Brasil para esta especialidade era, na época, algo como 50 profissionais.

Desemprego certo eu fui procurar me especializar na Inglaterra unindo a necessidade ao sonho. Londres era na década de 60 o centro do mundo, os Beatles, King’s Road e Carnaby Street; a cidade juntava a intelectualidade, a música e a badalação. Me fui com recursos próprios juntados de economias e acordos de FGTS,  que me dariam para ficar por dezoito meses estudando na Inglaterra. Londres foi uma paixão a primeira vista; os londrinos dizem “se você está cansado de Londres desista; você esta cansado da vida.” mesmo não sendo a cidade que nunca dorme, pois a maioria se recolhe as 11 da noite.

 

Preferi para morar uma pobreza centralizada do que manter padrões da vida caseira trazidas de cá do Brasil,pois para isso teria que pegar a linha do trem de subúrbio. Fui morar em “Chelsea,  off King’s Road” a uma quadra do Rio Tamisa. Mas, morava em um bedsitter algo como um conjugado, com cama, pia e algum instrumental de fogo para realizar pequenas cozinhas. O bedsitter tinha banheiros tímidos, coletivos e camuflados que ficavam, nas suas especialidades, três andares acima ou abaixo do meu bedsitter. Tudo isso em uma casa de cerca de 200 a 500 anos, onde antes morava uma única e nobre família. Subir ou descer  três andares,  em uma noite de inverno londrino , as três da madrugada para se  aliviar era barra pesada.

 

Muito cedo percebi que não daria para fazer um mestrado em economia. Minha formação brasileira exigia um nivelamento e tudo não ficaria por menos que dois anos e meio. Longo tempo para o meu pouco dinheiro. Fui, então, aprender inglês. Enquanto isso, todo o domingo lia o Sunday Times que tinha um caderno sobre educação e onde todas as faculdades do Reino Unido publicavam sua oferta de vagas para os mais diferentes cursos de pósgraduação.

 

Li então sobre um curso de ciência da informação, oferecido no centro de Londres, pela The City University, antes o Northampton College da Universidade de Londres,  especializado em engenharia de aviões supersônicos, foguetes etc.. Era, então,  1968 não se sabia muito bem o que era ciência da informação no mundo todo. Pensei ser um ramo da comunicação social, coisa muito em moda depois da segunda guerra. Fiz uma aplicação pedindo para para fazer o curso de mestrado e fui ter uma entrevista com Jason Farradane, o seu coordenador. Farradane viu que eu não sabia muito do que se tratava, mas se encantou em ter um economista como aluno pagante e me aceitou e foi meu orientador, com a condição de que minha dissertação final fosse sobre ciência da informação e economia 1.

 

A ciência da informação estava começando a ser definida como uma área acadêmica. A reunião da Royal Society de Londres sobre informação, em 1948, acabava de decidir mais os problemas que os rumos do novo campo. Nos anos cinquenta haviam começado as Reuniões do “Classification Research Group” e o próprio curso de ciência da informação da The City University. Participei em 1969 de algumas reuniões das Reuniões do grupo de classificação, com meu orientador ferrenho defensor de um esquema de classificação chamado “relational Indexing”. As discussões eram acaloradas e com gente de autoridade da recente área como Robert Fairthone, Karin Spack Jones,  John. Bernal. A época era a da gestão da informação.

 

Onde o foco das reflexões estava no controle da informação e assim foi até cerca de 1990 quando veio  popularização da web e o inicio de um novo regime de informação. Todos os planos, programas discursos de informação feitos antes de 1990 perderam o sentido e forma derrubados pela Internet e sua configuração gráfica a WEB.

 

Para mim tudo ficou inesquecível nesta época. Estudava, quando não estava na The City, na Aslib – Association for Special Libraries que ficava perto de minha casa. Frequentava a torrinha do Royal Festival Hall e do Covent Garden e não perdia concertos, um por dia, por 90 dias do “Promenade Concerts” no Royal Albert Hall,  o monumento de amor da Rainha Vitória ao marido morto. Alguns destas exibições no “Proms”o compositor da obra executada estava na plateia , para receber os aplausos, como foi o caso de Benjamin Britten quando executaram sua Sinfonia da Requiem. Eu tinha, então, 26 anos e estava me equipando sem saber para ser uma fonte de informação primaria hoje. A ciência da informação lidava com a explosão da informação liberada no pós-guerra  e o  artigo de Vannevar Bush no Atlantic Mountly, as preocupações da Classification Reserach Group denotam a primeira orientação da nova área.  Em 1957 Cyril Cleverdon começou no Cranfield Institute of Technology em Bedford perto de Londres a usar o computador para estudar e comparar a eficácia das linguagens de indexação com o fim de organizar conjuntos de documentos. Definiu, assim, matematicamente o conceito de relevância e de precisão. Apresentava seus resultados à comunidade da área em uma reunião chamada de “Cranfield Conferences”, foram sete ao todo  de 1960 até 1970. As conferências eram um “happening” da área no mundo reunindo todas as pessoas importantes que pretendiam lidar com a informação usando o melhor esquema de indexação para seus textos.

 

Apesar das grandes realizações para a área da informação, as as medição do desempenho realizados naquela época são quase totalmente desconhecidas hoje. O que se sabe sobre as variáveis influenciando as avaliações de relevância em condições experimentais ainda é muito pouco, bem como a compreensão dos aspectos psicológicos e situacionais do usuário ao julgar a relevância.

 

Atualmente, estando a informação disponível em texto completo na rede e com um novo tipo de escrita, o documento  aberto, que está sempre em se fazendo, estas medidas tem que ser revistas.

 

A sétima conferencia de Cranfield foi a última. Eu não poderia deixar de ir estando lá. Inscrevi-me por telefone da biblioteca da ASLIB após um dia de estudo, que chamávamos de “trabalho”. O evento foi memorável para mim,inclusive o bride a Rainha após o  jantar.

Logo depois disso terminei o meu mestrado, retornei e fui trabalhar na PUC do Rio de Janeiro. Cheguei ao Rio em um anoitecer de verão e o navio o “Eugenio C” antes de aportar parou de frente para o Cristo Redentor na Baia de Guanabara iluminada o que foi uma visão de enorme emoção. Mas foi ali, naquele instante, que percebi, definitivamente, que minha terra seria, também, uma Ilha e Elizabeth minha Rainha para sempre.

 

Já desembarquei sonhando em voltar o que consegui, algum tempo depois para ficar mais quatro anos e fazer o doutorado em ciência da informação na mesma The City University. Voltei  para vivenciar a segunda fase da área. No doutorado um de meus professores foi Nick Belkin,  um dos que introduziu o cognitivismo na ciência da Informação. O foco passava a ser o usuário Mas, isso já é uma outra história.

 

 

Notas:

 

[1] Minha dissertação de mestrado foi sobre “ A troca de informação econômica e comercial entre o Reino Unido e o Brasil” – nos anos 1950 o Reino Unido havia perdido a oportunidade de participar da fabricação de carros populares no Brasil por falta de informação econômica sobre este país.

 

[2] texto revisto  do publicado em Colunas do DataGramaZero – Revista de Informação – v.11   n.2 abr/10

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Aldo de Albuquerque Barreto

aldobar@globo.com

 

Doutor em Ciência da Informação, The City University, Londres, Inglaterra. Pesquisador Sênior do CNPq.

 

 

 

 

Ética Editorial

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Tenho notado que atualmente autores , principalmente os mais jovens que submetem seu mesmo artigo a duas ou mais revistas ao mesmo tempo. É preciso lembrar que existe uma ética editorial e também acadêmica que regula esta ação:

“Publicação múltipla, redundante e simultânea: um autor não deve publicar manuscritos que tenham sido anteriormente publicados em outro periódico. Enviar o mesmo manuscrito para mais de uma revista ao mesmo tempo e/ou publicar o mesmo artigo em mais de um periódico constitui um comportamento editorial antiético.” Ver para isto a Revista da ESPM, que recomendo a leitura do Código de Ética Editorial que apresenta. http://www.espm.br/download/revista/cmc/portpolitetica.pdf.

É preciso lembrar que a vida acadêmica se sustenta em pilares bem definidos. Ir contra este arcabouço moral pode dirigir o cientista, o autor, o editor a ter que seguir outros caminhos pela vida.

Estoques em labirinto e  conhecimento em fluxo

labirinto

“Um labirinto é uma defesa,

muitas vezes uma defesa mágica,

para guardar um centro, um tesouro

um significado”

Em meu trabalho nestes anos acredito que a informação sintoniza o mundo, pois referencia o homem  ao seu passado histórico,  às suas cognições prévias    colocando-o  em um ponto do presente com uma memória do passado e uma perspectiva do  futuro.

Independente de qualquer avaliação de qualidade, estoques de informação serão sempre acervos estáticos e sem condição de movimento: são recursos aterrados para uma ação de conhecimento, que ocorre quando,  depois de disseminados por uma transferência há uma aceitação cognitiva. A sua  condição de estática expectativa fica revelada em nosso falar atual: “Vou entrar em um arquivo”; a ideia de viagem e de ingresso em direção no local da informação mostra  a  circunstância da serena espera dos estoques para possibilitar uma ação maior.  Nessa possibilidade estoques de informação podem criar conhecimento na consciência do individuo desde transferidos e elaborados em um saber acumulado de cognições previas. Mas o sereno estoque denota e estática espera.

Já o conhecimento é um fluxo de eventos que utilizando o saber acumulado entrelaça fragmentos para formar algo novo e que se agrega ao fim deste movido percurso. O conhecimento é viajante e desaparece após cumprir sua finalidade como uma onda que agitou deixando partículas de informação em descanso. Tem a evanescência dos fantasmas. Entrar em um arquivo expõe a condição de labirinto da memória. O viajante em um arquivo nunca tem uma visão de cima para baixo,  para como um  ser avoante,  para ver as tramoias,  os caminhos certos para a informação desejada.  Há que se percorrer as alamedas para conhecer o labirinto.

O labirinto tem maquinações mágicas:  ou é o visível, como um espaço que delimita  o que está aparente e  é conhecido normatizado e aterrado em uma realidade sensível  ou é  o recinto  do invisível na  potencialidade do trançado das coisas que defende e guarda. No labirinto o minotauro defende os conteúdos estabelecidos e conduzidos pelo fio que o fluxo do conhecer permitiu encontrar e estruturar. No labirinto da consciência o saber é estoque o conhecimento é fluxo e o acervo o esconderijo mágico dos  significados.

Assim, o  labirinto  indica  escolhas alternativas, quando os caminhos convergem a um ponto focal e estável  de  mudança  dentro do  espaço aterrado e regulado do acervo percorrido.  Mas o labirinto  invisível  é como uma onda de partículas  que se animou  no emaranhado em que cada ponto pode ter conexão com qualquer outro ponto. Não é possível desenrolá-lo com o fio de Ariadne, pois não tem interior ou exterior estabelecido. Pode ser finito ou infinito e em ambos os casos cada uma das partículas de sua formação pode ser ligada a qualquer outra e o seu próprio processo de conexão é um contínuo processo de correção destas conexões.

Este é o labirinto das ondas digitais da informação em rede e da intertextualidade. Das estruturas interconectadas onde o conhecimento fluxo opera por associações  de um pensamento divergente para formar significados em um mundo sem terrenos. Se a Informação e estoques e o conhecimento é fluxo seria conceitualmente inapropriado confundir um com os outro,  pois um é o viajante  e outro a estrada.

AAB

[revisto de publicação de 2009]

é preciso ser fiel ao sonho

Nas palavras de J. L. Borges: é preciso ser fiel ao sonho e não às circunstâncias.  Mas haverá  momentos em que  as circunstâncias serão tão fortes que irão acabar com o sonho.

Preparando o Datagramazero  tive que engendrar umas palavras para o editorial . Estas palavras me tocaram emocionalmente ,pois nunca é fácil  terminar um sonho de tantos anos.

Iniciar o Datagramazero em novembro de 1977 foi um sonho e uma audácia. Não havia uma revista eletrônica privilegiando a Ciência da Informação com uma visão ampla da área e suas inter-relações com outras áreas. Nas palavras de J. L. Borges: “é preciso ser fiel ao sonho e não às circunstâncias”. com o Datagramazero as palavras começaram, em certo sentido, como mágica a formar um conteúdo de um periódico e digital. “Como associando ao traço visível à coisa invisível, a coisa ausente … As palavras e os conteúdo escolhidos nos significam e  definem uma Revista e identificam, também, aqueles que tratam conosco. Escrever é um lamento ou canção de amor não correspondido.”

Com o passar do tempo o Datagramazero foi sendo todo realizado só por mim como uma atividade lúdica e prazerosa. Por cerca de treze anos fiz a revista sozinho. Mas é preciso lembrar que existe a adversidade que aparece como coisa imponderável, a circunstância inesperada que chega poderosa e superveniente na nossa realidade. Nesses momentos passamos a viver no pequeno espaço de um vazio temporal, como na indeterminação entre dois estados.

É preciso saber conviver com a adversidade nas batalhas da vida e estar sempre preparado para vivenciar o efêmero  que existe mais esta desaparecendo para um fim e lidar com o e o imponderável das  das circunstâncias  inesperadas que chegarão poderosas e definitivas.

No momentos atual vivenciamos com complexidade emocional destas configurações passamos e passamos a viver no  pequeníssimo e indeterminado espaço de um vazio temporal,  um  estado ondes   as circunstâncias serão tão fortes que encerrarão o sonho.
Aldo de Albuquerque Barreto
editor do Datagramazero

Além da aflição do dia

palavra

Quando enfatizo que o meio é a mensagem e vai muito além do conteúdo, não estou indicando que o conteúdo não tem papel no processo – mas indicando que o conteúdo tem um papel diferente e sem importância diz Marshall McLuhan (1969) em sua famosa entrevista a Revista Playboy. * E continua: “Mesmo se Hitler tivesse pronunciado aulas de Botânica no meio rádio algum político usaria o meio para reunir os alemães e iniciar as características negras que criou o fascismo europeu dos anos 20 e 30.”

E continua: “Quando colocamos a importância no conteúdo e não no “meio, perdemos toda a chance de perceber e influenciar o homem“. Passaram-se quase 50 anos após estas declarações hoje não é mais verdadeira, pois há mais liberdade na produção dos conteúdos livres, mesmo em um meio forte como a Internet é o conteúdo que domina todas as ações subsequentes ao processo de troca de enunciados, pois só assim se determina a relação colaborativa e o processo de união estável entre gerador e receptor.

Não existe mais o determinismo físico de que diferentes estruturas físicas desencadeavam mecanismos de compreensão de significados. Se para McLuhan, o meio e sua tecnologia se estabelece como a forma comunicativa e determina conteúdo da comunicação isso não acontece mais na liberdade das vozes de um formato aberto da ação de comunicação.

O receptor hoje tem acesso às “fontes” e lá, estabelece um dialogo explicito e de seu interesse sem intermediários fatais e seus universos particulares de linguagem. O receptor com acesso as fontes de informação arranja seus dados de uma maneira subjetivamente individualizada por suas preferências, independente dos canais formais de uma comunicação direcionadora e formadora de uma opinião padronizada.

O que falamos e escrevemos é sempre é para registro junto a nossas testemunhas. Nossa vida ativa acontece na condição testemunhal de visibilidade de nossos enunciados. No mundo da visibilidade nossa atuação se relaciona a esta condição de convencer e não decepcionar as testemunhas que confirmam o nosso caminhar colocando marcos no caminho de nossa aventura com as palavras.

A informação não existe sem expectadores, sem uma plateia, um palco e aplausos e a memória que se forma depende desta validação. Os estoques de memória existem, enquanto existirem as testemunhas e as testemunhas das testemunhas. A nossa escrita cria, assim, um domicílio documental de memória ao qual podemos sempre recorrer regressando para uma acolhida de atestação. As nossas narrativas passadas mantêm a nossa memória iluminada no presente.

Com a entrada da realidade virtual em nossa convivência cotidiana, cada vez mais vivemos a condição de uma existência sem a necessidade de uma presença física testemunhal. Ficamos alforriados do entreolhar, do gesto, do toque e a sensualidade da linguagem do corpo. Códigos corpóreos delimitam ou ampliam os enunciados na expectativa da presença exercida. Nas relações face-a-face fica difícil de ser engendrado um estado de espírito oculto e a força do olhar desnuda a máscara de um dialogo onde o ritmo da voz pode abrigar, ocasionalmente, uma comunicação mal formada.

Há no viver dos cenários virtuais uma condição comportamental do “eu sou o espetáculo” em que além de convencer queremos encantar nossas testemunhas com a interpretação de nossa emoção com belo e o inusitadoao lançarmos mensagens aos nossos distantes escondidos na máscara da não presença.

Todos rejuvenescem no ciberespaço das convivências abrigadas e voltamos a uma adolescência querendo “como nos mostrar” com o nossa cena, o show do nosso eu, formando um “lego” relevante com a simplicidade de um pensamento oxigenado.

Mas há que cuidar da palavra na aflição do nosso comunicar: contam que Pitágoras foi o grande filósofo grego, responsável por desenvolvimentos na matemática, astronomia nunca deixou nada escrito – acredita-se que para preservar o seu pensamento. Sócrates e Buda nada deixaram escrito e muito se fala do que pensaram e disseram. Cristo pelo que sabemos escreveu uma única vez e poucas palavras na areia que o mar se encarregou de apagar. A escrita nas mãos de um incapaz é como a espada nas mãos de uma criança, dizia Santo Anselmo.

Aldo A Barreto
Final de junho 2015

*Entrevista de Marshall McLuhan (1969) a Revista Playboy

Clique para acessar o mcluhan.pdf

A estética do conhecimento

estetica

A estética do conhecimento, como à diversidade de emoções e sentimentos que ele suscita é a sensibilidade para apreender o mundo; uma emoção que tenuemente precede a percepção e representa um sentimento da momentaneidade do eu avaliando o mundo.

Os sentidos têm a função de nos fazer qualificar o percebido por uma compreensão dos objetos e uma confiança em sua existência; uma sensação que sempre acompanha a percepção. Ao cheirar uma rosa seu odor esta inscrito na flor que na rosa percebo ao sentir se cheiro a coisa. Há nesta intervenção a sensação que precede a percepção como o :”o olho não pode deixar de ver: Não podemos calar o ouvido. Nossos corpos sentem, onde quer que estejam, contra ou com a nossa vontade” [1]

O possivel ou impossível suporte de inscrição de uma sensação pauta o regime de nossa conscência e sempre queremos que as inscrições digam mais que o permitido pelos seus códigos. Há, assim, uma enorme vontade de multiplicar discursos para qualificar o perceber . Discursos crescentes que se acumulam em estoques: mas este quantum armazenado sendo uma condição estática é um componente indispensável para a realização do ato de conhecer em si.

Para que o conhecimento opere é necessária a transferência dos “significados em armazém” para a realidade dos receptores em uma conjuntura favorável de comunicação. Nesse momento nada é mais total que a interação com a tecnologia da escrita e seu deciframento adequado, pois nada é mais subjetivo, privado e individual que a sensação que precede a assimilação. Este processo é diferenciado e oculto, revelado a cada pessoa e cada apropriação é dela somente dela, de mais ninguém. É este enfim o lugar do conhecimento: a consciência individualizada que apreende um significado que lhe é destinado por peripécias de um punhado de palavras?

Só entendo o conhecimento como sendo uma passagem, um fluxo de percepções amoldadas pela mente no espaço de uma subjetividade. É um caminho pessoal e distinguido e revela um ritual de interações entre um sujeito e uma determinada estrutura de informação tendo como mediadora a interface da linguagem. È quase como mágica. Uma revelação.

Roland Barthes nos fala deste momento com a indicação do “Ma” a relação de separação entre dois instantes, dois lugares dois estados uma coisa unica que acontece e o que Barthes Chama de “Utsori” o exato momento em que as flor vai desabrochar ou em que a alma está como que suspensa entre dois estados. O momento de apreenção do conhecimento.

Esta apropriação representa, então, um conjunto de atos voluntários, pelo qual o indivíduo reelabora o seu mundo modificando seu universo simbólico. É uma criação elaborada com suas cognições prévias, um início daquilo que nunca iniciou antes, mas que encadeará sempre uma consequência, ainda que, aconteça um retorno para ao estado inicial.

Nele píxeis de raios catodos como vagalumes acendem e apagam como na criação do pensamento Um fluxo que finaliza no início e o seu acabamento tem uma evanescencia de fantasmas, pois “o pensamento nada mais é que uma onda elétrica pequenininha se espalhando pelo cérebro numa escala de tempo de milissegundos” [3 ].

Esta relação a informação escrita vive no continuum do perceber ao conhecer. Os enunciados são contingentes e acontecem em uma mensagem com uma mediação gráfica da linguagem comum, mas diferenciada em para cada contexto de comunicação. A escrita é a tecnologia que reflete mas não se subordina a um código imutável. Um texto é conjunto de expressões escritas em uma base com toda a multiplicidade de configurações de uma língua ou que uma lingua ainda não definiu. O discurso de significação é uma elaboração do autor, mas quando difundido acresce sua amplitude:com a leitura, o a sua interpretação e reconstrução pelo leitor.

A escrita deu ao homem valores visuais e ocasionou sua consciência sequencial facetada ao contrário dos espaços auditivos, onde o convívio em narrativa era mediado pela distância das ondas circulares de som. A tipografia fez o homem com um pensamento linear e sequencial e ele qualificou, organizou e classificou as suas informações em modo hierárquico, em uma série contínua de graus, escalas, famílias, em ordem crescente ou decrescente.

Seja esta inscrição digital em em papel ou papiro, no arquivo ja domiciliado, em pedras arqueológicas museificada cada receptor deve percorrer os caminhos de sua percepção e interpretação em uma escrita livre das amarras dos controladores do código único. Estas são individualidades divergentes que no ato da percepção se separam para sempre.

Aldo de A Barreto

revisto e ampliado, 2015

[1] Wordswirth (1798) – “The Tables Turned” in Select Poems, Sharroc
[2]Barthe, A preparação do romance volume 1
[3] O pensamento nada mais é do que uma onda elétrica pequenininha, se espalhando pelo cérebro, numa escala de tempo de milissegundos. O que fizemos foi descobrir que é possível ler esses sinais… Miguel Nicolelis, neurocientista, em entrevista a Folha de São Paulo de 10 de junho 2009 [JC email da SBPC 3781,2009]

imagem de Leszek Paradowski

Eu estou indo para Lecce

eu esto indo para Lecce

A estrutura do texto  escrito é uma construção e desconstrução de palavras colocadas e deslocadas. Uma estrutura de palavras é como ter elementos que se unem e formam um todo ordenado e com princípios lógicos, com coerência de raciocínio e de ideias. Uma narrativa possui características estruturais de linguagem que admitem  verificar suas unidades ou as partes que poderão representar o seu viés.

Como um pensamento singular o autor quer elaborar deu discurso buscando palavras únicas para formar seu enunciado, pois normalmente,  sempre quer colocar no viés da mensagem aquilo que  quer falar para se diferenciar seu texto. É no viés que um autor deixa a pista do que quer nos revelar.

O texto “Malogramos sempre ao falar do que amamos”, originalmente destinado a um colóquio sobre Stendhal em Milão foi o último  trabalho de Roland Barthes.  A segunda página de “Malogramos” estava em sua máquina de escrever em naquele fevereiro de 1980 quando Barthes aconteceu ser atropelado em frente ao College de France.

Barthes em “Malogramos” narra um episódio imaginário acontecido na estação de trem de Milão. Da plataforma, numa noite fria ele vê partir um trem destinado a cidade de Lecce na Itália e tomado por sua imaginação pensa estar indo a Lecce.  Como analogia eu me vejo em uma estação do metro no Rio como em um local fantástico e de fantasia.  Então eu vou de novo estar lá: “Deus como ainda sou louco nesta minha idade!” E acrescento o que em minha opinião é um hino aos que não conseguem ter o seu amor correspondido: “Porque esta magia da paixão esta sempre longe para mim esta sempre noutra parte”.

Eu vivi a minha vida aberto com amplitude para o amor. Procurei repassar este amor  aos que conviveram comigo e é nesta lembrança  que ainda vivo  melhor.  Mas creio que vim ao mundo para  cumprir uma uma maneira de viver  de amores não correspondidos. Contudo, eu nuca desisti.

Assim malogrei ao querer reciprocidade nos momentos que amei. E por isto para mim a bela Lecce ficará sempre muito longe, em outra parte. Mas, não me afligi neste processo e penso no manifesto de Sêneca, o filósofo que no ano quarenta da era cristã perdeu tudo:  amores,  amigos, carreira política e foi desterrado:

Jamais confiei na fortuna, disse. Todas as bênçãos que ela pensa derramou sobre mim  como o conhecimento, o prestígio e a admiração foram conquistados por mim mesmo.  Assim ela não pode retirar de mim o que não me concedeu.

(AAB,  com ajuda de textos queridos)

Os números de 2014

Os duendes de estatísticas do WordPress.com prepararam um relatório para o ano de 2014 deste blog.

Aqui está um resumo:

A sala de concertos em Sydney, Opera House tem lugar para 2.700 pessoas. Este blog foi visto por cerca de 8.300 vezes em Se fosse um show na Opera House, levaria cerca de 3 shows lotados para que muitas pessoas pudessem vê-lo.

Clique aqui para ver o relatório completo

Os imateriais simbolicamente significantes

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Uma ponderação do filosofo Jean-François Lyotard sobre a estrutura e o fluxo da informação tomou forma explicita em uma exibição denominada “Les Immatériuax” que ocorreu durante 1984 e 1985 no Centro Georges Pompidou em Paris. Com um apelo a pós-modernidade ou a modernidade vivencial, a questão que se queria investigar era a modernidade digital que transformou os artefatos culturais imateriais e seu conteúdo. Há vinte e cinco anos atrás o pensamento inovador sobre os significados imateriais em sua base fixa e sua distribuição em fluxos surgiu em uma exibição de Paris, em 1985: “Les Immatériaux”. Os curadores da exibição foram Thierry Chaput e Jean-François Lyotard, que deu sustentação conceitual ao acontecimento.
O propósito de “Os Imateriais” foi trazer a inquietude com a fluidez da informação nas diferentes bases de inscrição. Isto em uma época em que o texto impresso era uma ideia dominante de um padrão de escrita, documento e leitura. No contexto da exibição o visitante era o único culpado pela construção do sentido. Pela primeira vez computadores forma trazidos para o espaço de uma exibição pública. A intenção era mostrar que naquela atualidade (1985) tudo era informação e que os sentidos estavam cada vez mais entrelaçados com a forma e a estrutura em que o conteúdo estava inserido.

Lyotard acreditava que a passagem de uma sociedade industrial para uma sociedade de informação teria efeitos profundos sobre o espírito humano. Presumido que as tecnologias da telecomunicação e da informática fossem capazes de assumir as tarefas mentais do armazenamento e processamento de dados desmaterializados – a relação do homem com a realidade mudaria radicalmente.  A exibição criou um protótipo para se observar fisicamente em uma instalação artística a diferenciação da linguagem em para divergentes tipos de estrutura e fluxo dos significados.

Por exemplo, o site ‘Nu vain’ (O corpo vaidoso) foi criado ela cenarista Martine Moinot e era composto de doze manequins assexuados; ouvia-se um som de fundo de uma passagem rítmica do filme de Joseph Losey, Monsieur Klein , sendo alternando com uma foto de um prisioneiro de um campo de concentração.

À medida que o visitante entrasse neste site ouviria a voz do poeta e dramaturgo Antonin Artaud recitando “Pour en fini avec le jugement de Dieu” (“Para acabar com o Julgamento de Deus”).

Assim, guiado ou, mais precisamente, desguiado, através de uma luz cadente, percorria-se a exposição ora pela trilha sonora ora o visitante isolado fluía de um site para novo site nas várias vertentes da mostra onde a estrutura da informação se diferenciava ou a informação era mostrada em várias estruturas ao mesmo tempo. Em seu caminhar o receptor era exposto a distintas estruturas de significação em diferentes mídias e deixava relatado em um arquivo de computador a sua interpretação das narrativas imateriais ao qual tinha sido exposto.

Cada visitante registrava sua sensação e percepção da informação recebida em cada um dos diferentes “sites” da exibição, pois havia um terminal de computador em cada site visitado. Em 1986 um compreensivo relatório sobre os resultados colhidos em “Les Immateriaux” foi publicado pela socióloga Nathalie Heinich . Em 2009 a Tate Gallery de Londres fez uma revisão da exposição onde que Nathalie Heinich apresentou um esclarecedor artigo do qual ressaltamos o trecho:

“Sobre a exposição em si, a principal conclusão da minha pesquisa foi à variedade dramática e a instabilidade das percepções e reações, de um visitante para outro e até, por vezes, de um momento para o outro para o mesmo visitante.” Isto não foi apenas o resultado de mal-entendidos. Foi principalmente o resultado de um «efeito fronteira» ao deparar-se com o novo, em consequência da inovação na apresentação da informação. A dificuldade de formular uma opinião firme sobre “o que se deve dizer sobre isso” é algo constante diante do novo.

O Modo da Informação
A informação tem variada tipologia. Uma narrativa é um conjunto de expressões inscritas em uma base na multiplicidade de configurações de uma língua. Constitui um todo unificado passível de ser distribuído por um canal de transferência.

Uma alocução de significação é uma elaboração do autor, mas quando distribuída como narrativa associa em sua amplitude: a leitura, o receptor e uma interpretação ou reconstrução daquele discurso. O significado é um differend que vem de escritas que entram em diálogo; entram em contestação e se acumulam no leitor. No receptor está o ambiente exato em que se inscrevem todas as referências de uma interface que se transforma em idioma; a unidade do texto não está em sua origem, mas no seu destino e este destino não pode ser particularmente descrito: o leitor é um homem sem história, sem biografia, sem psicologia .

A passagem dos enunciados lineares para a de redes digitais produziu uma desfamiliaziração temática e um adiamento do significado que ficou espatifado nas trilhas de passagem dos textos interligados. No mundo digital sem centro definido configura-se uma adaptação na relação do receptor com a apreensão do conhecimento. O texto construído em emaranhados traz uma vinculação de cadeias imprevisíveis sem qualquer qualificação de famílias com temática hierárquica.

Conhecer, então, é como se apropriar de enunciados alinhavados por textos que se cruzam. Uma bricolagem que é individualizada para cada receptor. Uma nova estrutura e um novo fluxo de informação se estabelecem  que é em tudo muito semelhante à experiência dos Imateriais em Paris de 1985.

A escrita em seus contextos de existência admite a liberdade ao lidar com o texto livre das amarras da composição única. O código linguístico será sempre comum e permanece como pano de fundo, como um elemento silencioso e razoavelmente compulsório. Os enunciados são contingentes com o contexto do outro e acontecem em uma interface que é só uma mediação gráfica desta linguagem comum.

É preciso então estabelecer a diferença entre a linguagem estruturadora e a grafia volátil e mutável no dialogo dos enunciados. A escrita em cada um de seus formatos é uma tecnologia que se espelha, mas não se subordina ao código de lenta mudança. Para as estruturas em fluxo  existe um contínuo colóquio de enunciados entre geradores e receptores. Os envolvidos possuem afinidade em seus intentos o “differend” de uma língua em construção. Os jogos de informação acontecem com estruturas que não carecem de visibilidade, pois existem não pela presença básica, mas por uma visibilidade potencial de estar ali. Pois, um registro de significado é formado pelas inscrições que uma linguagem fixou em um determinado e suporte; uma agregação que compõe o todo significante. A percepção neste sentido envolve emoção e sensação que pode vir de um discurso oral, uma peça musical, uma imagem um corpo em movimento ou qualquer representação artística.

Convivemos intensamente com estruturas diferenciadas para os diferentes conteúdos, onde a sedução para o significado é  uma viagem por narrativas linkadas; a escritura traz um novo modelo para a percepção e para no imaginário da leitura. As bases das narrativas foram virtualizadas. Estamos convivendo com um novo padrão de inteligência  que interage com novos conjuntos simbólicos.

O imaginário adia o significado dos enunciados até que se percorram todos os caminhos, todas as conexões, todas as metáforas. Palavras e frases têm uma fissura para deixar passar significantes libertados de uma relação biunívoca. Uma possibilidade do imaginário de ir além de uma representação privilegiada para um signo atribuído. O entendimento na tecnologia atual das trocas de enunciados  é imediato . Persiste, contudo o antigo “surrogate”  da informação e do conhecimento.     As condições modais de uma mensagem e as suas vertentes de transferência influenciam a percepção do significado. Artefatos imateriais criados por um gerador para produzir sentido em outro são interiorizados de acordo com as possibilidades de elaboração do pensamento  dentro de determinado fluxo de conhecimento.  A exibição francesa de 1985 parece ter demonstrado este ponto. Ela não foi uma experiência só sobre informação ou sobre arte ou informação sobre arte; foi muito mais que isso: uma imbricação entre pessoas e seus produtos imateriais; emoção e percepção, conhecimento e saber. A intenção desta narrativa foi, também, documentar o esquecido evento tão importante para o lidar atual com a informação e seus conteúdos.

(AAB)
Les Immateriaux” – Nathalie Heinich   http://monoskop.org/Les_Immat%C3%A9riaux
“Imateriais pode ser lido completo em    http://www.dgz.org.br/abr10/Art_02.htm

Os três tempos da ciência da informação

 

3 tempos Roland Shainidze

 

Uma explosão de conteúdos aconteceu quando o volume de informação impressa disponibilizada no pós-guerra de 1945 mudou o regime de informação existente e necessitou de um novo instrumental de: recursos humanos, acervamento, processamento e recuperação dos documentos estocados para atender a um novo fluxo da demanda. Hoje com a condição online os estoques e os fluxos de informação, renomeados para “Big Data”, são multidirecionados e levam condições virtuais em seu desatamento, quando o tempo se aproxima de zero, a velocidade se acerca do infinito e os espaços são de vivência pela não presença.

A chegada de uma sociedade eletrônica de informação modificou a delimitação de tempo e espaço dos conteúdos em relação aos receptores. Mas, a explosão de informação de que discorriam Vannevar Bush e Dereck de Solla Price no ambiente de pós guerra mundial foi minorada pelo computador no tempo possível.

Penso que existem  três tempos na ciência da informação sem colocar uma separação das suas  práticas e ideias em tempos já fechados. A intenção é assinalar o pendor para um determinado foco, de acordo com o passar do tempo:

– Tempo da gestão e controle da informação  indo  1945 à 1980;

–   Tempo da interiorização do conhecimento  entre 1980 à1995;

–     Tempo do ciberespaço de 1995 até os dias atuais.

 

3 t3mos

Ao indicar três tempos para a ciência da informação não se coloca uma separação de ideias e práticas em  tempos fechados. A intenção é assinalar a vertente para um determinado ponto, de acordo com, o pensar de cada época.

[tempo 1] As questões, de gerência de informação, por exemplo, tem uma constância, que prossegue  até os dias atuais. Mas durante os anos no pós-guerra, este era o principal problema a ser resolvido: ordenar, organizar e controlar uma explosão de informação tipo “big data”.   Assim, no tempo da gestão foi necessário estabelecer metodologias de redução de conteúdo completo do documento  usando indicadores deste conteúdo. Assim,  um documento de trezentas paginas, por exemplo poderia ser  substituído por:  suas indicações bibliográficas,  localização no estoque e um determinado número palavras chaves descrevendo o texto.

Auxiliava esta redução  um universo simbólico de ocasião substituindo a linguagem natural; uma linguagem, controlada, na intenção de ao usar menos palavras para identificar o texto na entrada para facilitar sua recuperação na saída. A era da gestão trouxe o esplendor das classificações, indexações, tesauros, medidas de eficiência de recuperação de textos, a sua relevância  e precisão considerando o estoque específico.

Mas, este era o problema de uma época e tinha de ser resolvido. Com a baixa no custo de armazenagem, o computador foi sendo liberado, para os problemas de processamento de conteúdos e foi possível, então, lidar com a questão do volume e do controle da informação. Contornado o problema gerencial do estoque da informação, a área passou a se ocupar com esquemas de como gerar conhecimento no individuo e para sua realidade a partir daquela informação acervada.

[tempo 2] A assimilação correta da narrativa de informação passou a ser  a intenção principal  do tempo de interiorização do conhecimento permitido pelas condições cognitivas do sujeito.  Existem controvérsias quanto às raízes do cognitivismo como um pensamento predominante do período. Parece haver alguma aceitação, que um início pode ter sido  um Simpósio sobre Teoria da Informação, realizado no Massachusetts  Institute of Technology  em setembro de 1956, onde, apresentaram artigos inéditos, figuras importantes do novo pensar como:  Herbert Simon, [1], Noan Chomsky [2] e Claude Shanhon [3].

O certo é que nos anos 60 encontramos os autores e atores estudando o comportamento da apropriação do conhecimento com as características do refletir cognitivista, que estava em todos os campos  e  uma a discussão sem uma base conceitual cognitivista corria sério risco de isolamento.  Na ciência da informação o cognitivismo foi iniciado nos anos setenta por: Nick Belkin [4], Gernot Wersig, U. Nevelling [5] e colegas. A condição da informação passou a ser sua “intensão” em gerar o conhecimento no indivíduo e em sua realidade.

O conhecimento  seria organizado em estruturas mentais por meio das quais um sujeito assimila a “coisa” informação. Conhecer significaria um ato de interpretação individual, uma apropriação do objeto pelas estruturas mentais de cada sujeito. Estas estruturas  não estariam pré-formatadas no sentido de serem programadas nos genes. As estruturas mentais são construídas pelo sujeito sensível que percebe o meio.

Com o foco na relação da informação e do conhecimento, modificou-se a importância relativa da gestão dos estoques de informação passando-se a apreciar a ação de informação na coletividade. Se antes havia uma razão prática e uma premissa técnica e produtivista para a administração e o controle dos estoques, agora a reflexão e a pesquisa passaram a considerar as condições da melhor forma de passagem da informação para a realidade dos receptores; a promessa do conhecimento teria que ajustar o indivíduo, seu bem estar e suas competências para lidar com narrativas de informação. A  premissa produtivista da gestão transformou-se em promessa de saber.

[tempo 3] Localizamos o tempo do ciberespaço, como o momento, a partir de 1990 em que  a relação informação e conhecimento assumiram um novo status após a internet e a  world wide web. Embora, os primeiros esforços de uma rede mundial de computadores seja mais remota foi só em 1989 que Tim Berners-Lee, cidadão inglês, tecnologista da informação, trabalhando no European Organization for Nuclear Research, Center – Cern, escreveu os primeiros softwares que permitiram a atual configuração gráfica da web e a partir daí o desenvolvimento popular da Internet.

Os espaços de informação em uma visão simplista seriam os estoques institucionalizados de informação. Sempre que os delimitadores destes o espaço incluírem o desenvolvimento de uma condição  pensamento e uma escrita haverá ambiente para o se estabelecer diferentes tempos de informação como na figura 1.

Pierre Lévy desenvolve uma teoria sobre os espaços antropológicos, reservando um   espaço para o saber . É neste espaço que se desenvolve a sua proposta de inteligência coletiva. O espaço antropológico é reconhecido por Pierre Lévy  como um “sistema de proximidade próprio do mundo humano”. O qual depende de técnica, linguagem, cultura, significações, convenções, representações e emoções humanas. Nestes espaços de Lévy podemos adequar os três tempos da ciência da informação.

Um espaço antropológico nasce da “interação entre pessoas”. Os espaços antropológicos são como super espaços. O que é de grande valor em um espaço pode não ser em um outro. Daí a importância de reconhecer as condições dos espaços nos quais vivemos e daqueles os quais somos levados a viver. (Lévy, 1999). Nestes espaços de Lévy podemos adequar os três tempos da ciência da informação.

Outros autores buscam delimitar espaços de vivência e convivência. Em seu livro “Man place in the nature”, Teilhard de Chardin passa de uma espaço da biosfera inicial para uma noosfera de hominização da espécie caracterizada pela condição do pensar. No seu livro “A condição humana” Hanna Arendt,  relaciona três espaços da vida ativa: o labor o trabalho e a ação.  A ação é o espaço da condição humana exercida em conjunto com outros  homens, quando este exerce a sua condição de inteligência para introduzir o  conhecimento no seu espaço de convivência.

Em todos os espaços projetados por ideações diferentes poderemos sempre associar diferentes tempos de relacionamento com a informação como os colocados na figura 1.

Aldo de A Barreto, maio 2014

 

Indicações bibliográficas

[1] Simon, H.A. (1989). Prospects for cognitive science. Conference Report, International Conference on Fifth Generation Computer Systems, Tokyo, 1988. Institute for New Generation Computer Technology, 21-35.

[2] Chomsky,N.,  Logical Syntax and Semantics, Language. January-March, 1955.

[3] Shannon, C. e Weaver, W., The mathematical theory of communication. Urbana: University of Illinois Press,1949. 117p

[4] Belkin, N., , Robertson, J.,  Stephen E. Information Science and the phenomena of information. Journal of the American Society for Information Science – JASIS, v.27, n. 4, p.197-204, July-August 1976

[5] Wersig, G., Nevelling, U. The phenomena of interest to Information Science. The Information Scientist, v. 9, n. 4, p.127-140, December, 1975.

[6] Pierre L.. Inteligência coletiva: Para uma antropologia do ciberespaço (em português). 5ª edição edição Loyola, 2007.

[7] Pierre Teilhard de Chardin, O Lugar do Homem na Natureza, Editor: Instituto Piaget, 1997.

[8] Arendt, Hanna. A Condição Humana. 10º ed. Rio de Janeiro: Ed. Forense.

[9] Bembem, A.C. A ciência da informação e os espaços antropológicos,dissertação mestrado, UES-Universidade estadual de São Paulo,2013

 

 

 

 

A responsabilidade do coautor

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No atual contexto de produtividade intelectual associada a salário e avaliação, como forma de impulsionar a produção científica institucional,  de programas de pós-graduação, é insinuado que alunos publiquem em coautoria com seus orientadores. A questão é delicada, pois não se considera coautor quem simplesmente auxiliou o autor na produção da obra literária, artística ou científica, revendo-a, atualizando-a ou dirigindo sua edição e apresentação por qualquer meio.

Desse modo, as monografias, dissertações ou teses têm uma característica dialogal, de conjunção de dois fluxos intelectuais, sendo um o autor e o outro o orientador coadjuvante, que apenas aconselha, orienta e dirige o aluno. A função do orientador é trazer à tona novas ideias, achados, ensinamentos que o fluxo criativo do orientando produzirá a seu modo. O orientador não escreve, não redige o conteúdo do trabalho; se agisse dessa maneira, estaria violando as regras da pós-graduação.

Assim, devido as condições de indução para uma maior produção científicas desejadas pelas agências reguladoras e de fomento da pós-graduação,  o autor legítimo  por querer maior visibilidade para o seu texto se acredita, também, impelido institucionalmente a ajuntar na autoria de seu texto docentes do programa. Desta coautoria, de fato ou de prestigio, participam docentes que contudo não realizaram efetivamente a operacionalização da escrita e diagramação do conteúdo  do documento que, contudo, levará o seu nome na cadeia da comunicação cientifica. Assim o aluno, um iniciante, na vida, na autoria e no seu relacionamento com a escrita comete, por vezes, fortes equívocos com a gramatica, a pontuação e a sintaxe e este material chega aos editores para publicação, e por vezes é publicado, como tendo a anuência de todos os autores: discentes e docentes.

A  coautoria na rede acirra as associações emotivas pela  interação e  traz  possibilidades de heranças  entrelaçadas de interesses individuais e corporativos. Daí o receio de que, boa margem das coautorias seja um desejo do aluno procurando reconhecimento e prestigio  ao associar docentes ao seu trabalho. Considerando o atual crescimento do  número de autores por texto e o tamanho   desta família de autores sem afetividade temática há um temor de que isso desgoverne a qualidade textual .

Esta múltipla  autoria prejudicada e prejudicial passa a percorrer os fluxos de comunicação e  por alguns anos subsiste nas cadeias de citações. Entendo  que a geração de ideais nas ciências humanas e sociais possui um discurso de criação  personalizado. Isto torna muito difícil indicar pela estrutura do artigo qual foi a participação de cada autor. Diferente das áreas de exatas onde na bancada do laboratório  pode-se qualificar a participação de cada pessoa para o processo que resultará na escrita.

A coautoria, ampliada na web, mostra as heranças entrelaçadas destes  interesses individuais e corporativos. Daí o receio de que uma margem destes artigos sejam gerados principalmente para garantir uma produtividade conciliadora com as agência de controle e o fomento das pesquisas.  Isto coloca um risco para as avaliações da produtividade em ciência e tecnologia e, também, para os pesquisadores/docentes que passam a figurar nesta cadeia de produtividade intelectual com artigos que pelas questões colocadas acima não mereceriam ter a sua autoria.

Aldo de A Barreto

2014

Leitura aconselhada:

Entre fetichismo e sobrevivência: o artigo científico é uma mercadoria acadêmica?

http://goo.gl/9Qz14z